quinta-feira, 21 de abril de 2011

Virar golas para parecer rica é pobre sinal

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O facto
Contexto: Programa de rádio sobre um livro acerca de mulheres de vários Presidentes da República. Ontem.

Uma das senhoras terá confidenciado à autora do livro que mandava virar as golas de alguns vestidos para parecer que eram novos.

A pobreza de espírito
Virar colarinhos gastos para aproveitar camisas até à última falripa foi e é normal.  Muitos portugueses o fizeram e fazem e é melhor que andar com elas rotas. É normal para quem vive do que ganha e não ganha para ter camisas novas.

O que não é normal é sentir o dever de exibir fatos novos a cada aparição pública. É até indecoroso, pois se a mulher de um PR de alguma forma representa o país, deve saber que o povo usa a mesma roupa muitas, muitíssimas vezes. É normal e o povo não tem vergonha de ser e parecer normal.

É tão normal que demonstra economia inteligente e permite a poupança a que tantos políticos apelam. A decência institucional é viver com o que o país tem, proporcional ao nível do portugês médio. O resto é pequenez.

Aquela mulher de presidente, coitada, estava no sítio errado, a pensar que era outro o país que elegera o seu marido. Deu frágil imagem de uma cidadã que não foi exemplo de frugalidade para os seus concidadãos.

O país não precisa de figuras públicas, nas televisões ou em Belém, que exibam fatiotas apinocadas à custa do erário público. Se há dinheiro para esse exibicionismo, certamente que foi tirado às pensões, à boca de quem precisa, à inovação na agricultura ou à saúde dos portugueses. Enquanto Portugal não tiver dentistas nos Centros de Saúde, estas vaidades provincianas são dolorosamente doentias.

Nem vale a pena falar em dignidade de funções ou de ombrear com gente lá de fora. Elas têm para isso; nós não. Ponto!

Portugal não precisa da ostentação de quem lhe consome recursos para parecer. Parecer é simular o que não se é, mascarando o que se é. É falsidade. Em Belém desonrosa.

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