quinta-feira, 14 de julho de 2011

Aba larga

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Nos dias mais soalheiros,
com leviandade excessiva,
há incautos caminheiros
amargando em carne viva.


De calções e em alcinhas,
cada qual o mais afoito,
galegos e alfacinhas,
a pele feita num oito.


Bom protetor rejeitando,
usam bisnagas, besuntos.
Com mil desculpas lutando,
lambuzam braços, presuntos.


Enjeitam o velho algodão
e nem com novos tecidos
se esquivam à dor, ao escaldão:
querem sofrer, destemidos.


As mangas até ao punho
e calças com caneleira
são provado testemunho
de proteção caminheira.


O andarilho equipado
com roupa solta, folgada,
o corpo todo tapado,
tem a saúde afagada.


O chapéu, como cereja,
encima farda vistosa:
muito resguarda e areja
com aba larga amistosa.




Manuel A. Madeira
13 de Julho de 2011
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