terça-feira, 2 de outubro de 2012

Paris e seus amores aferrolhados


 
Paris, as pontes de Paris, são nova Meca do Amor.

Com as devidas distâncias, Meca tolerante do amor terreno, essa coisa que ferve agora e logo murcha, a mesma que prende a alma que o tempo libertará.

Pois a nova cidade da afeição panteísta encontrou no cadeado a forma de expressão que em tempos a aliança glorificava.

Com o preço do ouro upa upa e os emolumentos ui ui ui, a sede de promessas e a fome de certezas enveredaram pela poupança no simbolismo dos afetos.

É verdade, algumas das pontes sobre o Sena visitadas em Setembro mostravam ao mundo quão apertados eram os laços dos enlaçados.



  
Salvo os nós cínicos, chaves viste-las, afundadas do fundo do coração na esperança de amor eterno e fidelidade ímpar da cega ingenuidade.

Mas se o significado dos grandes cadeados é evidente, amor sólido, inviolável, já o dos azuis e cor-de-rosa serão frutos de tórridos terrenos.

 
E se as fitinhas bem podem ser sucedâneo de gracioso vestido de noiva, escapou-nos o porquê do cadeado preto e nem por sombras imaginamos um amor mórbido.

 
 
Contudo, ficou por apurar o significado do cadeado com muitos outros nele enroscados. A ternura de geometria variável terá espaço para enlaces em cadeia, harém privado, relação aberta, "swing" convencionado ou porta aberta tolerada. E em terra de Ménage à trois, não seremos nós a questionar a Ménage multiple! Porquoi pas!?

 
Vá-se lá saber! Talvez aquela simpática noiva chinesa nos pudesse ter dado uma dica, ela que ao ver a objetiva apontada pôs dois dedos por trás da cabeça do marido. Não fomos suficientemente rápidos para registar o gesto nem para lhe perguntar que cadeado ali colocara.
 
 

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