segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Expropriar ditadores é urgente

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Há indícios de redução do campo de manobra do ditador líbio e da sua clique. Se as pressões dos recém-inimigos forem eficazes, se os mercenários que contratou forem ineficazes e se os militares não usarem da sua eficácia, a Líbia ficará livre de Kadafi.

Ele e a família, os cúmplices e os serventuários principais embarcarão em breve para o exílio. Será discretamente acolhido num país pouco dado a pruridos éticos, mas amante de petrodólares.

E o ditador reformado terá uma vida regalada. Ocupará os seus dias de papo para o ar, congeminando manobras para um afilhado retomar Tripoli ou a inventar palavras cruzadas com os nomes dos bancos onde guarda o que usurpou ao país.

E sem barba nem turbante e sem as espalhafatosas vestimentas com que enrolou o seu povo, terá fronteiras generosas para o resto dos seus dias. Com um passaporte bem urdido até pode retemperar-se na Côte-d’Azur, dar umas braçadas nas Caraíbas amigas ou testar a sua sorte num casino de Macau.


E é bem capaz de comprar umas memórias que lhe dêem uma imagem angelical, que uma editora de um paraíso moral publicará como imaculada folha de serviços.

Os familiares pavoneiam-se pela Europa com o fruto do furto e os comparsas, convertidos em investidores de alvíssimo colarinho, apresentar-se-ão como patrocinadores de desenvolvimento sustentado e de projetos amigos do ambiente.


O peculato é crime nos países civilizados e a apropriação criminosa leva alguns criminosos à cadeia.

Os ditadores têm outra sorte. O seu património inumerável, tantas vezes obtido sem disfarce nem subterfúgios, depositado, gerido e ampliado em países democráticos, é protegido à sombra de leis cegas à sua origem.

Ora se há um Tribunal Penal Internacional para perseguir os que fizeram os seus povos em frangalhos, porque não alargar a sua missão a recuperar o património de que os tiranos se apropriam!?

Condenar um povo à miséria, esbulhando-o, sem vergonha nem limites, de recursos que lhe dariam uma vida digna não é muito diferente de dominá-lo com mão de ferro e tropa torpe.

Por isso, a riqueza astronómica de tantos e tantos ditadores tem de ser combatida como se combatem genocidas. E devolvida aos legítimos representantes desses povos. Como?

Com expropriação de todo o seu dinheiro, até ao último cêntimo, desde títulos a obrigações, ações e participações, mesmo que branqueadas como património legítimo do advogado bem-falante, político de democracia consolidada ou de filha sorridente com participações multimilionárias em países coniventes.


É uma tarefa para o TPI, que não se pode ficar pela condenação de uns poucos assassinos de Estado e de certos inimigos da América.

Tirando-lhes o vil metal, tira-se-lhes o fôlego, inibem-se aventureiros.

Vai demorar, que os interesses cruzados são profundos, a infeção está generalizada, mas há que dar um primeiro passo.

Esta é uma frente que identificará a esquerda, a demarcará de outros rótulos, muitas vezes não mais que fachadas.


Lista de ditadores
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_ditadores

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