domingo, 4 de julho de 2010

Borrego feliz




O borrego mui contente,
cheio de sorte, encantado,
depois dum dia fremente,
o dia do ensopado...


Já se via degolado,
a faca no gorgomilho,
numa azinheira esfolado,
os olhos quase sem brilho.


Matutava no panelão,
em azeite e alho temperado,
quando soou a salvação:
– Foi outra vez adiado!


O borrego condenado
um dia, na Catalunha,
ficou feliz, consolado,
convertido em testemunha.


Testemunhou hesitação
numa data executora,
que eterniza marcação
do ensopado à pastora.


Será bode de cobrição
da borreginha ou malata
que, na sétima geração,
parirá uma bela data.




Manuel A. Madeira
4 de Julho de 2010

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