quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Os angolanos estão vivos, bem vivos

Os angolanos não foram anestesiados, apesar do esforço continuado dos meios de comunicação ao serviço da cleptocracia instalada. 

E não foram dominados pelos aparelhos ideológicos de que os cleptocratas mexem os cordelinhos.

Nem sequer foram hipnotizados com a longa campanha da reconstrução de infra-estruturas e o crescimento de dois dígitos. É verdade que todos os dias a TPA apresenta obras novas. E é igualmente verdadeiro que as imagens são sempre enquadradas por rasgados elogios das pessoas entrevistadas, em tom laudatório do regime e do “deus” Santos.

Os angolanos, a maioria, não a clique dominante, seus serviçais e beneficiários, sabem bem a enorme podridão em que o país está enterrado. E não a querem.

Ainda ontem aquela televisão nos mostrou dois episódios expressivos da malha da traficâncias vigente.

No primeiro, foi noticiado que fiscais autorizavam a construção de habitações num regime de 1 para 1: uma casa para si próprios e outra para o Cidadão construtor. Apareceu alguém a anunciar sanções aos delinquentes, mas estes são arraia-miúda.

Mais tarde, num programa sobre a seleção angolana de futebol, os comentadores, sem se alargarem nem porem nomes na ponta dos dedos, apontavam a ausência de ética para a desorganização da respectiva federação. As contas do Campeonato Africano das Nações estavam atrasadas porque havia dinheiros voláteis…

Apesar destas tropelias, já para não falar na filha Santos que movimenta milhões que brotam de batuta milagrosa, chegou-me de fora um sólido sinal de vitalidade angolana.

Veio de Moçambique. Sim, daí. Entrevistado pela Pública, a propósito da situação neste país, o cantor moçambicano Azagaia contou que num seu espectáculo em Angola, em Dezembro, o “presidente” foi vaiado por 6.000 angolanos. Ao vivo, ao perguntar “Quem vendeu a minha pátria?” milhares de vozes responderam: “Zedu, Zedu” (assim é conhecido Eduardo dos Santos).

E ao cantar “Ladrões fora, corruptos fora, assassinos fora” os assistentes disseram: “Zedu fora, Zedu fora

Esta consciência cidadã dá esperança, a esperança de algum dia haver quem combata a corrupção em Angola. Melhor ainda seria a neutralização da teia de peculato... A começar por cima.

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