sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Anjinhos, palhaços e civilização

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Há dias, Narciso Miranda insurgiu-se veementemente contra o PS, que se prepara para o explulsar por ter concorrido contra o próprio partido nas anteriores eleições municipais.

Os partidos têm normas e isso é normal. Sendo igualmente normalíssimo que não permitam que os seus militantes usem o partido como alvo.

Angelicamente, Narciso inventariou razões pífias para camuflar a infração.

Entretanto, o francês Nicolas Anelka, que boicotou o treino da sua seleção e insultou o técnico na recente Taça do Mundo, entende que a Federação Francesa de Futebol, que o puniu com 18 meses de suspensão, não passa de um «bando de palhaços».

Quer o português quer o gaulês estavam à espera de quê?

Violaram grosseiramente os pactos que os ligavam àquelas entidades e só o clima de impunidade reinante explica a surpresa fingida com que reagiram às sanções.

Tanto quanto ouvi, o ex-presidente da Câmara de Matosinhos não foi grosseiro, mas o futebolista reincidiu nos desmandos. Temos, pois, um anjinho com estratégia de sedução e outro anjinho com tática de canelada, ambos a mascarar as transgressões.

Mal estaríamos, nos partidos, no futebol, nas organizações que sustentam a sociedade, em qualquer parte do mundo, se não houvesse um conjunto de regras e nada se fizesse para que fossem respeitadas. Mesmo que etiquetados injustamente de palhaços, os disciplinadores fazem o que têm a fazer. Fazem com que as sociedades funcionem, combatendo a anarquia e o oportunismo.

Alguém tem de travar a chico-espertice dos anjinhos deste calibre.

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